quinta-feira, 9 de julho de 2009

O manual segundo Ricardo Noblat


Que tal conhecer mais sobre os manuais de jornalismo? Abaixo resenha do livro de Ricardo Noblat - A arte de fazer um jornal diário.

Ricardo Noblat em A arte de fazer um jornal diário monta um espécie de manual indispensável a qualquer aspirante a jornalista. Dá dicas de um texto leve e preciso; e ainda de como se fazer um jornalismo responsável e informativo. Noblat com toda a sua experiência relata fatos marcantes na profissão ou até mesmo àqueles que lhe aconteceram para ilustras suas explicações.

O livros está dividido em oito capítulos, cada um subdividido entre subtítulos. O primeiro capítulo fala da crise dos jornais impresso e enumera as queixas constantes dos leitores sobre formato, erros de ortografia, assuntos abordados, material do jornal e até o preços dos períodicos.

No segundo capítulo, Ricardo faz reflexões sobre a ética, valores e a vida privada. Define que o jornal deve ser o um espelho da consciência crítica de uma comunidade. Desmistifica o endeusamento do jornalista pelo bem maior, a denúncia de um ato criminoso não justifica a prática criminosa. Em Quem matou Tim Lopes, o autor diferencia o que interessa ao público do que é de interesse público: "Era de interesse público a denúncia de que menores são explorados sexualmente por líderes do narcotráfico nas favelas do Rio. A forma de documentá-la, na medida em que poderia custar a vida do seu autor, é que foi errada e irresponsável". E separa casos da vida particular da pública.

O terceiro capítulo do livro enfoca a apuração dos fatos. O jornalista decreta que "não há lugar hoje nas redações para nenhuma figura humana que não saiba apurar bem e escrever bem". A missão do jornalista é informar e tem que dominar esse recurso. Em Perdão. Erramos declara que erro de informação é de interesse público e constrói a credibilidade de um jornal. Define notícia de forma engraçada, como tudo aquilo que os jornalistas decidem que é. Aconselha se apurar mais informações do que parece necessário, e também, investigar, duvidar do que lhe foi dito, correr atrás e preservar as fontes quando assim lhe for pedido - off.

O capítulo quatro dá dicas sobre a arte de escrever. "Não existe receita única para se escrever bem. Não exist, sequer, uma receita" define o autor. Mas, mesmo assim, aconselha ordem direta, simplicidade, frases curtas, concisão, precisão e clareza. De forma informal, vai dando dicas e derrubando chavões. Define o lead como inimigo do prazer por inibir a criativade e a imaginação. Então, ao longo do capítulo exemplifica, por meio, de matérias criativas como escrever um bom texto.

Sobre tantas outras artes, é como o próprio Nobrat define o capítulo cinco. Nessa parte, diz que o jornal deveria fazer diariamente para se tornar interssante. Deixa bem claro que opinião só é válida em artigo ou em editoriais. Antecipação é o jornal da amanhã: "Por favor, não me contem o que já sei. Topo ler o que já sei se vocês acrescentarem informações que desconheço ou se me explicarem o que não entendi direito. Até topo ler sobre o que já sei se vocês tentarem antecipar o que está por vir. Mas só nestes casos".

Em louvor a Frei Damião é o capítulo seis. Conta os bastidores de uma reportagem. Toda história tem começo, meio e fim. Reportagem também. Um começo que chame atenção, um miolo atraente e se possível, um final que surpreenda.

No capítulo sete, A reivenção de um jornal, conta os passos tomados durante a reforma do jornal Correio Braziliense. Ilustrada pelas capas do próprio períodico.

E no último capítulo do livro, traça uma linha do tempo de Gutemberg aos dias de hoje, passando pelas datas mais marcantes na vida da imprensa.

Ricardo Noblat produz um manual muito mais interessante do que os encontrados por aí. Engraçado e sério ao mesmo tempo. Tratando de assuntos constantemente discutidos na profissão, como o fim do jornal impresso. Concordo com o ponto do autor sobre o tema, sabe-se que o homem sempre vai precisar de informações e não é porque existem novos meios de comuniação que estes serão extintos. Em relação ao interesse público, tratado no segundo capítulo, concordo que muitos jornais se arriscam para estimular as vendas, violam leis e justificam a própria traição pelo "direito do público saber". Mas, e a ética? Nas leis, onde os probres mortais tem que cumprir, e o jornalista não precisa já que é um ser supremo? É preciso buscar um jornalismo mais sério e responsável. E é isso que Noblat tenta passar aos seus leitores neste livro.

Para quem quiser saber mais de Ricardo Noblat, acesse: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

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