segunda-feira, 21 de julho de 2008

A LUTA DOS NEGROS: Um sonho de King e um legado de 68.

“Eu tenho um sonho que minhas pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de caráter delas” Martin Luther King




O ano de 1968 simboliza a utopia de uma geração que lutava por seus direitos. Entre os tantos acontecimentos que marcaram 68, a conquista dos negros pelos direitos civis, foi um grande marco. A luta contra o racismo, se deu principalmente nos Estados Unidos, onde o pastor Martin Luther King, um grande líder contra a segregação racial, foi assassinado em 4 de Abril, desse mesmo ano. Luther King foi morto a tiros pelo racista James Earl Rax, enquanto manifestava sua solidariedade a uma greve.


A vida dos negros nas décadas de 50 e 60 nos Estados Unidos não era fácil, eles sofriam com a pobreza, a desigualdade, a discriminação, o racismo e principalmente com as Leis de Segregação Racial: que negavam aos cidadãos não-brancos toda uma série de direitos. Em 1963, John F. Kennedy assinou a Lei dos Direitos Civis, no entanto, não seria mais que uma mera formalização do Estado para engolir o movimento negro.


Após o falecimento de King, os jovens negros sublevaram-se em mais de 100 cidades em reação. Crescia a influência dos movimentos como o dos “Panteras Negras” e do “Black Power”, liderado por Malcolm X. Esse grupos buscavam conquistar espaço pelo confronto.


O partido negro revolucionário estadunidense, fundado em 1968, ficou conhecido como “Panteras Negras”, tinha como finalidade original patrulhar os guetos para proteger os residentes dos atos de brutalidade da polícia. Os panteras se tornaram mundialmente conhecidos nos Jogos Olímpicos da Cidade do México. Tommie Smith e John Carlos, atletas medalhistas dos EUA, fizeram a saudação “black power” durante a cerimônia de premiação e foram banidos pelo Comitê Olímpico. Mas, foi o pacifismo de King que sensibilizou de verdade os americanos. Pouco depois de sua morte, a Suprema Corte declarou que qualquer tipo de segregação era contrária à Constituição do país.


O comportamento da geração de 68, permitiu a ascensão de negros, a posição de destaque nos Estados Unidos e no mundo. “Se há empresários negros bem sucedidos, apresentadores de televisão de sucesso ou esportistas idolatrados, é porque as pessoas iam às ruas gritar contra a discriminação” diz o historiador Green.


O senador negro, Barack Obama que concorre à presidência dos Estados Unidos, é o mais recente exemplo da ascensão dos negros. O país viu nascer não apenas um dos mais bem-sucedidos políticos negros, mas um novo líder nacional. Obama em 1997, no seu primeiro cargo eletivo, devia seus votos à comunidade negra de Chicago, onde desde anos 80, trabalhava na defesa dos direitos civis. Mesmo se não vencer a eleição, será considerado um vencedor.


No Brasil, o movimento negro praticamente não existia no ano de 68. A legislação brasileira já definia desde 1951, com a Lei Afonso Arinos, o racismo como contravenção penal, apesar de ainda não classificá-lo como crime. Mesmo sendo quase inexistente o movimento negro no país, é considerado um legado da juventude daquele ano.


Embora a Lei de Segregação Racial não exista mais nos Estados Unidos e apesar de ser comum escutar que no Brasil já não exista mais racismo, até hoje os negros continuam sofrendo discriminação em diversos setores da sociedade.


Mesmo depois de quarenta anos, que não enterremos as conquistas que o movimento negro trouxe aos dias de hoje; e que o sonho de King não seja apenas sonho, que perdure na realidade.