O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, será ouvido, nesta quarta-feira (3/8), na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Rossi vai prestar esclarecimentos sobre as denúncias de desvio de recursos revelado por Oscar Jucá Neto, o Jucazinho, diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O depoimento está previsto para às 10h. De acordo com o líder da Câmara, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o ministro se prontificou a dar os esclarecimentos no Congresso. "Para toda denúncia temos o contraditório. Toda denúncia pode ser de base real ou em ressentimentos", explica ao justificar o motivo de Rossi ser ouvido pela Comissão.
Mesmo assim, para Teixeira, as justificativas do ministro até o momento foram consistentes. Em relação a uma possível diferença de tratamento entre as crises no Ministério dos Transportes, que afastou mais de 20 pessoas, e da Agricultura, o deputado afirmou que a presidente Dilma Rousseff está tratando os casos de forma igual. "Foi diferente (no Ministério dos Transportes) porque o ministro Alfredo Nascimento pediu o afastamento. O tratamento dado ao PR é igual ao PMDB", garante.
Denúncia
Oscar Jucá Neto revelou em estrevista a revista Veja a existência de um consórcio entre o PMDB e o PTB para controlar a estrutura do Ministério da Agricultura com o objetivo de arrecadar dinheiro.
A denúncia trata de dois casos envolvendo a Conab. O primeiro sobre o repasse de R$ 14,9 milhões ao mercado agrícola Caramuru Alimentos referentes a dívidas contratuais. O pagamento foi feito 20 anos após a determinação da Justiça. O motivo da demora teria sido uma negociação da Conab para aumentar o montante em R$ 20 milhões, sendo que R$ 5 milhões deste valor, deveriam ser repassados as autoridades da pasta.
O outro caso envolve a venda de um terreno da Conab nas proximidades do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, em Brasília. Um empresa adquiriu o imóvel por R$ 8 milhões, valor muito abaixo do estimado. Há indícios de que o comprador Hanna Massouh seria amigo do senado Gim Argello do PTB.
A revelação foi feita após Jucazinho ter sido exonerado sob a acusação de autorizar o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa-fantasma que já foi ligada à sua família e que, atualmente, tem um pedreiro e um vendedor de carros como sócios.
Outras crises
A crise dos ministérios teve início nos Transportes. Uma reportagem publicada no jornal O Globo revelou contratos milionários entre empresas e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Mas foi a denúncia de enriquecimento ilítico do filho do ministro da pasta que causou a primeira derrubada. Alfredo Nascimento pediu o afastamento do cargo que foi assumido por Paulo Sérgio Passos.
Após a saída de Alfredo, começaram diversas baixas na pasta. Ao todo, mais de 20 pessoas foram afastadas de cargos no Dnit. Até agora, nem a presidente Dilma e nem o atual ministro anunciaram os nomes que vão tomar posse dos cargos dos exonerados.
Além da crise nos Transportes, já foram reveladas denúncias no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e das Cidades. No primeiro, há informações de um suposto esquema de desvio de dinheiro na área de capacitação profissional em Belo Horizonte, Belém e São Luís. Já na pasta das Cidades, a acusação é de que o ministério liberou, em 2010, pagamento irregulares em favor de três grandes empreiteiras que teriam doado mais de R$ 15 milhões ao PP, partido que comanda a pasta.
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